sábado, 9 de julho de 2011

Abade Presvót


Antoine-François Prévost d'Exiles, mais conhecido como Abade Prévost, nasceu em Hesdin, Artois, França, a 1 de abril de 1697, e morreu em Chantilly, França, a 25 de novembro de 1763.

Manon Lescaut
Filho de uma família da pequena aristocracia provinciana, fugiu cedo de casa, vivendo uma juventude inquieta e atribulada. O sobrenome d'Exiles descreve bem sua personalidade cheia de contradições. Espírito inquieto, ele parecia ter dificuldade em encontrar-se e descobrir sua verdadeira vocação.

Ingressou duas vezes no noviciado da Companhia de Jesus de onde foi expulso em 1721, nos intervalos entre dois alistamentos no exército. A brutalidade da vida militar, contudo, não afinava muito bem com a sua personalidade, e além disso ele tinha aversão à disciplina.


Grieux
Posteriormente, tornou-se monge beneditino, sendo ordenado padre em 1726. Seu sacerdócio também foi bastante movimentado. Seus contínuos romances causaram escândalo dentro da ordem, da qual ele foi expulso em 1728, não sem antes despir-se diante dos padres e atirar sua batina pela janela.

Enfurecidos, os beneditinos obtiveram contra ele uma lettre de cachet (uma ordem real de prisão na França pré-revolucionária) o que o obrigou a fugir para a Inglaterra, onde conseguiu se estabelecer como preceptor da filha de um nobre. Um caso de amor com a mesma o obrigou a refugiar-se nos Países Baixos até 1730.

O encontro

Voltando para França, iniciou brilhante carreira como literato. Publicou e escreveu sozinho, entre 1733 e 1740, a revista literária O Pró e o Contra (Le Pour et le Contre), onde, pela primeira vez, divulgou na França a literatura inglesa.

Também traduziu, entre 1742 e 1755, três romances de Samuel Richardson. Utilizando o mesmo estilo desse autor, escreveu romances sentimentais e eróticos, publicando-os nos sete volumes da coletânea Memórias e Aventuras de um Cavalheiro, Memóires et Aventures d'un Homme de Quafité, 1728-1831.

Esses romances têm pouco valor literário, com excessão de História do Cavalheiro Des Grieux e de Manon Lescaut Histoire du Chevalier Des Grieux et de Manon Lescautl, sétimo volume das Memórias, publicado em 1731. Manon Lescaut é o romance que garante a Prévost seu lugar na história da literatura universal.

O degredo para a América
Exemplo clássico do romance setecentista francês, o livro narra a história de um jovem de boa família que arruína sua vida pelo amor de uma cortesã. Por vezes classificada como excessivamente sentimental, a obra, durante dois séculos, uma das favoritas do público francês, foi a precursora dos romances populares tão apreciados por gerações futuras.


Por defender a tese de que o amor vence qualquer barreira de ordem ética, e por seu clima misto de devassidão e de candura, o livro foi queimado em praça pública pelas autoridades, que nele viam um atentado aos bons costumes.  Proibido na França, mesmo assim cópias  pirateadas do romance entraram no país, garantindo a fama do Abade.

A morte de  Manon
Para alguns, como o escritor francês Guy de Maupassant, ela encarna o eterno feminino. Eis como Maupassant se exprime: Eis Manon Lescaut, mais verdadeiramente mulher que todas as outras, ingenuamente descarada, pérfida, amante, perturbadora, espiritual, temível e charmosa. Nessa figura tão plena de sedução e de instintiva perfídia, o escritor parece ter encarnado tudo que há de mais gentil, de mais envolvente, e de mais infame no ser feminino. Manon é a mulher por inteiro, como ela é, sempre foi, e sempre será. No entanto, este pequeno hino em louvor à canalhice não convence todo mundo; da mesma forma, poderíamos argumentar que a Virgem Maria representa o "eterno feminino".

Cartaz da ópera de
Giacomo Puccini de 1893
Posteriormente, a obra teve duas versões operísticas famosas: a Manon, de Jules Massenet, e a Manon Lescaut, de Giacomo Puccini.

O Abade Prévost morreu subitamente durante um passeio perto de sua casa, provavelmente de um ataque cardíaco, de apoplexia, ou do rompimento de um aneurisma. Seu corpo só foi encontrado dias depois, daí a incerteza na data da sua
morte. 


Um comentário:

  1. Quando adolescente, eu li "Manon Lescaut". Fiquei maravilhada. Logo, o que eu não entendo é por que o cinema não se interessou por esta oba... ainda!

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