quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Antonio Fogazzaro


Antonio Fogazzaro nasceu em Vicenza em 25 de março de 1842 de uma família rica e comprometido com a luta anti-austríaca, da qual recebeu uma rigorosa educação católica.

Vicenza, sua cidade natal
Foi um professor que descobriu sua vocação literária quando ainda muito jovem e graças a seu incentivo acabou deparando-se não só com seu talento mas, com o problema central de sua vida e que iria formar a base ideológica de toda sua obra: a relação entre fé religiosa e progresso científico.

Após um período de inércia e dissipação decorrido entre Pádua e Turim, onde se graduou em Direito em 1864, esperimenta uma breve experiência na advocacia, para em seguida dedicar-se inteiramente à literatura.

Movimentos de unificação
italiana
Em 1866 casa-se com a condessa Margarida de Valmarana, com quem viveu até sua morte, e mudam-se para Milão

Membro do moderno movimento literário conhecido como scapigliatura, era católico e liberal. Sua obra composta por romances, poesias e obras teatrais foi marcada por suas escolhas filosóficas, seus personagens viviam conflitos morais sobre a razão e a fé. Apesar do esforço feito pelo artista para se dominar, nunca conseguiu apagar inteiramente o conflito das paixões que atormentam a sua existência e dos quais soube admiravelmente tirar proveito em sua sua arte.

Malombra numa adptação
para o cinema em 1942
 Fogazzaro foi intérprete de um sentimento desesperador tão comum em sua época, o dilema de permanecer na rotina ortodoxa católica ou abraçar o discurso materialista e evolucionista de Darwin. Sua obra almeja uma reconciliação entre o dogma e o liberalismo positivista sem incorrer na condenação da Igreja.

Sob o ponto de vista literário, esta duplicidade de sentimentos, nunca totalmente resolvida em sua vida particular, ficam claras especialmente quando observamos sua descrições minuciosas das emoções humanas e dos ambientes sombrios, dos transtornos mentais, das ansiedades e preocupações encontradas em personagens como os de "Malombra" de 1881.

Lida Borelli como
Marina na peça de 1917
A história chocante de Marina Malombra, que se imagina ser a reencarnação de um antepassado que morrera louco e, que em um momento de emoção violenta, mata Corrado Silla, um jovem escritor que lhe ama desnudando uma alma carregada de patologias pisíquicas e emocionais nunca vistas até então na literatura. Uma visão turva do amor, um langor mórbido que serve de pano de fundo para um sonho de renovação social inspirada em valores racionais mas acorrentada à crenças cristãs das quais ele próprio sempre se debatera.

O trágico destino
de Ombretta
 Este dualismo entre a fé e razão está no centro do romance, considerado sua obra-prima: "Piccolo mondo antico". Ambientada em pleno conflito de independência entre Itália e Áustria em 1895, a estória nos apresenta ao casal de personalidades contrastantes, Franco e Louise, que após casarem sem consentimento são forçados a viver de forma modesta em Oria, no Lago Lugano. Louise de personalidade enérgica e grande força de vontade culpa o marido de carater fraco e sensível pela situação em que vivem. O contraste entre os dois cônjuges se acentua quando sua filha, Ombretta, morre afogado no lago: Franco vai reagir à dor, à procura de consolo na fé, enquanto Louise será encerrada em um desespero emocional sombrio.

Em O Santo, a polêmica
com a Igreja
Estes conflitos entre presente e passado, decadência e romance crescem com o passar dos anos alimentando sua produção como se faz notar em O Pequeno Mundo Moderno, de 1900, uma continuação de sua obra-prima, no qual agora a paixão é vista como uma escolha de vida.

Em O Santo, de 1905, onde um jogador torna-se beneditino e Fogazzaro apresenta suas idéias sobre regeneração moral da Igreja revelando, numa dimensão inconsciente, sua própria impossibilidade de mesclar real com ideal. E finalmente em Leila, de 1911, onde a protagonista de mesmo nome fica dividida entre lealdade ao seu namorado morto e o surgimento de uma nova paixão.

Papa Pio X: perseguição 
as obras modernas
A reação anti-modernista do papa Pio X levou à entrada de "O Santo" e "Leila" para lista de obras repudiadas por Roma. Depois de um longo trabalho espiritual Fogazzaro fez ato público de submissão à Igreja.

Este poeta, romancista e  filósofo foi um idealista profundo, admirado em todo mundo latino e alvo do respeito e veneração em toda Itália não só por sua genialidade, mas pela delicadíssima sensibilidade e bondade, especialmente em Vicenza onde veia a falecer em 07 de março de 1911.


Adaptação para o cinema do Pequeno Mundo Antigo em 1941, estrelada por Massimo Serato e Alida Valli, sob a direção de Gillo Pontecorvo.



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