sexta-feira, 8 de julho de 2011

Charlotte Brontë


Charlotte Brontë era a terceira filha do reverendo Patrick Brontë e Maria Branwell. Nascida em 1816, Charlotte logo ganha um irmão, Patrick Branwell em 1817, seguido de sua irmã Emily, em 1818, e Ann em 1820. Os quatro irmãos tinham uma relação muito próxima, e graças a esta convivência na infância criaram um espírito criativo inesperado para filhos de um clérigo anglicano. Em 1821, a família mudou-se para Haworth, em Yorkshire, onde o reverendo tinha sido nomeado Curador Perpétuo, quando Maria Branwell morre de câncer, deixando cinco filhas e um filho sob os cuidados de Patrick.

As inseparáveis Caharlote, Emily e Ann
retratadas pelo irmão Patrick

Em 1824, o reverendo Brontë envia suas cinco filhas à escola para filha de clérigos em Cowan Bridge. As condições da escola eram pobres, e a febre constantemente eclodia. Ao longo de sua vida, Charlotte iria atribuir às más condições da escola a morte de suas irmãs Maria e Isabel, pois ambas sucumbiram de tuberculose. Após a morte de suas irmãs, Charlotte, Emily e Anne foram retiradas da escola, trazidas para casa e entregues aos cuidados de sua tia Elizabeth Branwell.

Embora as crianças estivessem profundamente afetadas pela morte de suas irmãs, encheram seu tempo livre com fantasias criativas e mundos fictícios. Por exemplo, depois que seu pai deu a Patrick Branwell uma caixa de soldados de brinquedo em 1826, as crianças foram inspiradas a inventar e escrever sagas sobre mundos imaginários que chamaram de Angria e Gondal. Considerando o ambiente sombrio da zona rural de Yorkshire, não é de se surpreender que as crianças Brontë começassem a explorar seus poderes de imaginação em idade tão precoce.

As tentativas do homem em compreender
as mulheres e as regras impostas a elas
pela sociedade vitoriana
Em 1831, Charlotte foi enviada para estudar na escola de Roe Head vivendo momentos difíceis devido ao seu sotaque irlandês, a educação desigual, sua maneira singular de se vestir, que a diferenciava dos outros alunos na escola, e da saudade extrema de casa. No entanto, sua professora Sra. Wooler tanto a incentivou para superar seus limites que logo Charlotte ganhou vários prêmios, uma bolsa de estudos e, em 1832, foi-lhe oferecida uma posição de professora na escola.

Charlotte recusou a oferta a fim de voltar para casa e instruir suas irmãs já que agora possuía uma melhor formação. A maior parte de seu tempo era gasto estudando com as irmãs, dando aulas na escola dominical e escrevendo pequenas obras de ficção. Em 1835, volta para a escola da Sra. Wooler como professora enquanto sua irmã Emily a acompanhou como aluna. Emily logo deixou a escola por causa da saudade, mas foi substituída por sua irmã Ann.

Em Jane Eyre questiona o casamento
como única vocação da mulher
Três anos depois, Charlotte deixa a escola de Roe Head, a fim de assumir uma posição como governanta da família Sidgewick, de onde deixaria seu posto depois de apenas três meses, voltando a Haworth.

Em 1842, Charlotte e Emily viajavam para Bruxelas a fim de completar sua educação em línguas estrangeiras e hospedam-se no pensionato do professor Constantin Hegin e de sua esposa. Depois de uma breve viagem de volta para casa, Charlotte volta sozinha para Bruxelas e torna-se emocionalmente ligada a Hegin. Quando percebeu que seu amor nunca seria correspondido, deprimida, volta a Haworth em 1844. Embora esse afeto pelo diretor do pensionato fosse absolutamente platônico, Charlotte tirou dele o enredo para o seu primeiro romance, "O Professor" que, recusado pelos editores daquele tempo, foi publicado como obra póstuma.

A anatomia da alma feminina em
sua obra mais madura

Com o retorno Charlotte e Emily realizaram seu sonho de abrir uma escola em Haworth. Infelizmente, a escola foi um completo fracasso: os anúncios não resultaram em uma única resposta pública. Com o fracasso da escola, Charlotte e suas irmãs eram livres para se concentrar em suas carreiras literárias. Tendo descoberto alguns dos poemas de Emily durante o ano anterior, Charlotte decidiu publicar poemas selecionados de todas as três irmãs, em 1846, e uma coleção de poemas foi publicada sob o pseudônimo de Currer, Ellis, e Bell Acton. O primeiro romance de Charlotte, "O Professor", também foi escrito durante este período. No entanto, seu segundo romance, "Jane Eyre", publicado no ano seguinte, foi um sucesso retumbante. No mesmo ano também viu a publicação do romance de Emily "Morro dos Ventos Uivantes" e de Ann "Agnes Grey".

No entanto, sua felicidade pelo seu sucesso literário foi logo marcado pelas mortes de seu irmão Patrick, por "delirium tremens", em 1948, devido ao abuso de drogas e de álcool, seguidas pelas suas irmãs Emily e Anne, de tuberculose. Como no romance "O Morro dos Ventos Uivantes", da irmã Emily, em "Jane Eyre" nota-se um caráter melodramático muito influenciado pela pre­sença opressora da paisagem e do ambiente de Haworth. Charlotte recomeça a escrever e a dor da perda se reflete em alguns capítulos do romance seguinte "Shirley" de 1849.

A artificialidade dos papéis imputados
a homens e mulheres no século XIX
Em 1852, o assistente paroquial Arthur de Bell Nicholls propõe casamento a Charlotte, que aproveita-se da forte oposição de seu pai, para disfarçar sua falta de interesse e dedicar-se ao seu próximo romance, "Villette", publicado em 1853. No ano seguinte, com o desaparecimento da rejeição do reverendo Brontë, o jovem renovou sua proposta e Charlotte, apesar de sua aparente apatia em relação a ele, casa-se em 1854. Pouco depois engravida, e devido à sua constituição fraca por uma pneumonia, falece em 1855 com apenas 39 anos de idade.

Alguns biógrafos argumentam que sua morte era apenas um esforço subconsciente para aliviar-se da depressão que havia atormentado toda a sua vida. Uma vida infeliz, e, de acordo com sua biógrafa contemporânea Elizabeth Gaskell, nunca Charlotte abrigou qualquer esperança para o futuro. As configurações e os temas dos seus romances e poemas demonstram esse sentimento de desesperança e na crença de que Deus tinha designado tristeza para algumas pessoas e a felicidade para outras. Como em "Jane Eyre", onde a mentalidade isolado da heroína e as difíceis circunstâncias de sua educação refletem claramente a própria percepção de Charlotte do mundo.



Conheça mais sobre o universo das irmãs Brontë na biografia de sua irmã Emily, postado no especial Clássicos da Literatua.

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